Vinho e Saúde
De acordo com a literatura científica, mais de metade dos efeitos protetores da ingestão moderada de bebidas alcoólicas devem-se ao próprio álcool.
O consumo moderado de álcool está associado, entre outras, a uma diminuição de doenças cardiovasculares. O risco mais baixo verifica-se com ingestão de 20g/dia (2 unidades de bebida), que aumenta a partir de 70g/dia.

Mecanismos do efeito protetor do álcool
O bom colesterol
O consumo moderado aumenta as lipoproteínas de elevada densidade (HDL – bom colesterol), que se ligam ao colesterol e o encaminham para o fígado, para eliminação ou reprocessamento - evitam a deposição de colesterol nas artérias e a formação de placa de ateroma:
- Redução da oxidação das lipoproteínas de baixa densidade (LDL – mau colesterol), envolvidas no desenvolvimento de aterosclerose;
- Redução do fibrinogénio, reduzindo o risco de formação de coágulos, que bloqueiam a passagem do sangue nas artérias, resultando num ataque cardíaco ou derrame cerebral;
- Redução da agregação plaquetária;
- Melhoria da função do endotélio (interface entre parede da artéria e sangue) – o endotélio tem um papel importante na manutenção da tonicidade vascular.
- A disfunção do endotélio precede a aterosclerose. Estudos indicam que o consumo moderado de álcool, particularmente vinho tinto, melhoram a função.
Além disso, o álcool tem efeito geral anti-inflamatório que afeta os vasos sanguíneos de forma positiva, retardando assim o aparecimento de aterosclerose. A aterosclerose é a principal causa de enfarte do miocárdio e consiste na formação de placas de ateroma, que não passam de depósitos de gorduras no interior das artérias. Estas placas provocam o estreitamento ou estenose das mesmas e, portanto, impedem total ou parcialmente a passagem do sangue através delas. A consequência desta estenose das artérias por placas de ateroma será a falta de fluxo sanguíneo nos territórios regados por aquelas, podendo lesionar-se irreversivelmente essa zona (enfarte de miocárdio).
Os Compostos Fenólicos e a Prevenção
O vinho é a bebida alcoólica que apresenta maior concentração de compostos biologicamente ativos, particularmente compostos fenólicos (resveratrol, quercitina, epicatequina, taninos, antocianinas...), que são responsáveis por características organolépticas, como sabor, adstringência e corpo. Estes compostos têm ação antioxidante e parecem inibir a oxidação das LDL, prevenindo o desenvolvimento de aterosclerose, a principal causa de doença coronária.
Além disso, os compostos fenólicos combatem a ação dos radicais livres, que estão na base do envelhecimento precoce e do desenvolvimento de patologias como Parkinson, Alzheimer e alguns tipos de cancro.
Diabetes Tipo 2
As evidências científicas reunidas até à data indicam que o consumo moderado de álcool (1 a 2 bebidas/dia) está associado a uma diminuição do risco (cerca de 30%) de diabetes tipo 2, comparativamente aos abstémios ou indivíduos com baixo consumo.
No entanto, o consumo excessivo está associado ao aumento do risco. A associação entre diabetes tipo 2 e consumo de álcool parece ser em forma de “J”, sendo que o risco de desenvolver aumenta a partir de 4 bebidas/dia.